domingo, 17 de outubro de 2010

Estudo aponta que jovens apoiam o casamento LGBT


Estudo aponta que jovens apoiam casamento homossexual. Na amostragem geral, pesquisa ainda mostra resistência de boa parte da população. Uma Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade do Vale do Itajaí (IPS Univali) apontou que 53,5% da população dos municípios de Balneário Camboriú, Camboriú, Itajaí e Navegantes é contrária a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O índice de pessoas que aprovam a oficialização da relação é de 35,52%.

Não têm opinião formada ou não sabem somam 10,98%. Os jovens, entretanto, não seguem essa tendência e mostram-se favoráveis. De acordo com o coordenador executivo do IPS, Sérgio Saturnino Januário, 40, o índice de aceitação foi maior entre os jovens de 16 a 24 anos. “Os jovens hoje crescem sendo o tempo inteiro bombardeados por informações a respeito do assunto. Eles assistem na televisão a paradas gays, filmes e novelas e aceitam isto mais normalmente, concordando com o debate do assunto. Os mais velhos geralmente não estabelecem esta relação porque foram educados de modo machista, por uma sociedade mais tradicional”, analisa.

O levantamento demonstrou que entre os jovens de 16 e 17 anos o índice de pessoas que disseram que o casamento homossexual deve ser legalizado chegou aos 59,26% contra 33,33% contrários. Já na faixa que vai dos 18 até 24 anos o índice cai, mas continua favorável com 54,41% de aceitação para 39,71% de pessoas contrarias.

O jornalista Willian de Lucca, 25, é homossexual e concorda com Sérgio no que diz respeito à falta de informação dos mais velhos. “A quantidade de informações a que os jovens estão expostos é maior. Eles se atualizam mais, e a intolerância mora na falta de informação. As crianças de hoje em dia já nascem expostas a informações sobre diversidade sexual, étnica, religiosa, e isto é benéfico para a construção de uma cultura de diversidade”, comenta.

A partir dos 25 anos os índices mudam, tornando-se contrários ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. A faixa entre os 60 e 69 anos passa a ser a menos tolerante, com 65,38% de  pessoas contrárias para 22,53% de favoráveis. “Estas pessoas vêm de um tempo onde não havia informações claras sobre a homoafetividade, que na época era considerada um desvio de caráter, até uma doença, e por isso, existe o preconceito. Além do mais, as pessoas eram mais suscetíveis aos dogmas do cristianismo, que condena a prática homossexual”, declara Willian.

Pesquisa reacende debate Willian contou que apesar de todas as informações, ainda existe preconceito contra homossexuais, principalmente vindo de adultos. “A gente ainda sofre, essencialmente, o preconceito velado, aquele que não é dito. Quando você assume certas posições, é normal que seja criticado. O problema não é quando criticam algo que você faz, mas algo que você é, porque ser gay não é uma escolha. Ninguém escolhe ser gay para sofrer preconceito, ser preterido socialmente”, desabafa, lembrando que além dos adultos, jovens desinformados também costumam ser preconceituosos.

Para Sérgio Saturnino a pesquisa ajuda a reacender o debate na sociedade, o que é muito importante. “Além dos números, a pesquisa coloca o tema na agenda pública, ela não vem sozinha, mas sim com a ajuda da imprensa que também aborda o tema. Assim, população se posiciona frente à pesquisa e se encaixa em um dos perfis”. Esta é a primeira pesquisa deste gênero, outra parecida deve ser feita daqui a 10 ou 12 meses, seguida por uma série de outros levantamentos para que se possa entender o comportamento da população. O erro amostral da pesquisa é de 2,38 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa completa está disponível no banco de informações do IPS Univali e pode ser conferida pelo www.univali.br/ips.


FONTE: Jornal Manchete do Vale.

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