sábado, 13 de fevereiro de 2010

Bloco da Diversidade - Carnaval Joinville 2010

Em Joinville está tudo pronto para o Desfile do Carnaval! A Concentração será as 20h na Rua das Palmeiras, no Sábado, dia 13 de fevereiro.

Para quem quizer ir treinando, Clique aqui para escutar o enredo, e abaixo a letra para você ir acompanhando.



APOTEOSE DA DIVERSIDADE NA MITOLOGIA E NO MUNDO”

Nos tempos da mitologia,
surgia a diversidade,
nasciam os grandes deuses,
apoteose num mundo de igualdade.

Quem diria que a medusa,
uma aberração da natureza,
com cabeça venenosa,
já foi símbolo de beleza,
tudo culpa de Afrodite,
com sua atitude imponente,
costurou em sua cabeça,
um belo ninho de serpente.

Meio homem, meio touro,
morando num labirinto,
surge o estranho minotauro,
contemplando tão distinto,
o poderoso Deus Orfeu,
que ao ser traído reclamou,
uma linda melodia,
a mulher que sempre amou.

Vou pedir a Iemanjá,
ajuda nessa história triste,
Ogum cheio de beleza,
desacato a natureza,
é pior coisa que existe

Vou pedir a Iemanjá,
ajuda nessa história triste,
Ogum cheio de beleza,
desacato a natureza,
é pior coisa que existe

Sou diferença, sou Diversidade,
Alegrando toda essa cidade

Sou diferença, sou Diversidade,
Com muito orgulho conquistando a igualdade

Jackson de Oliveira

DEDICADO A PÂMELA HUSTON – NOSSA ETERNA MISS SIMPATIA.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Manual de Comunicação LGBT

A Associação Brasileira de, Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) lançou o “Manual de Comunicação LGBT”, que busca esclarecer as dúvidas dos profissionais de comunicação e da sociedade em geral sobre diversidade sexual e identidade de gênero

Manual de Comunicação LGBT

O manual é voltado para profissionais, estudantes e professores da área de comunicação: jornalistas, radialistas, publicitários, relações públicas, bibliotecários, entre outros. O principal objetivo da ABGLT com esse lançamento é o de reduzir o uso inadequado e discriminatório de terminologias que afetam a cidadania e dignidade da população LGBT, seus familiares e amigos.

O manual busca ainda incentivar a produção de matérias, artigos, reportagens e entrevistas que tratem do respeito à diversidade sexual e justiça social e criar uma ferramenta capaz de auxiliar a cobertura jornalística com relação às temáticas LGBT. Ele possui também informações sobre as expressões técnicas de redação dos temas relacionados a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Embora o público alvo sejam os jornalistas, a idéia é que a publicação possa ser útil também para outros segmentos. Sua produção embasou-se em resoluções aprovadas no I Congresso da ABGLT e na I Conferencia Nacional LGBT. A publicação do manual recebeu o incentivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) e o seu conteúdo foi elaborado com base na relação já existente entre o movimento e a mídia, e ainda na realidade das redações.

Acesse aqui o manual na íntegra.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Após humilhação, mulher transexual consegue nome social em Bilhete Único

Após humilhação, mulher transexual consegue nome social em Bilhete Único
Por Marcelo Hailer 10/2/2010 - 13:08


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A ativista Carla Machado nem sabia, mas na tarde de ontem se tornaria a primeira mulher transexual da cidade de São Paulo a retirar o Bilhete Único com o nome social. Isso baseando-se na lei municipal (decreto 51.181/2010) que garante tal direito. Também seria chamada de "senhora" pelos jovens atendentes do posto e na hora de tirar foto para a carteirinha escutaria um sonoro "Carla", avisando que era sua vez...

Pra muita gente tal relato pode parecer coisa simples, mas para quem está acostumado a ser chamada de "homem" e "traveco", mesmo com aparência e identidade feminina, a vitória acima dificilmente cairá no esquecimento, porém, antes disso...

"Seu nome é Alexandre"
Na segunda-feira (08/02) Carla foi retirar o seu bilhete único no posto localizado próximo ao metrô Marechal Deodoro. O que deveria ser um procedimento de 30 minutos, no máximo, virou um imbróglio de dois dias que culminou em abertura de processo contra o Estado.

Primeiramente Carla foi atendida por uma moça chamada Ana, "muito simpática", diz. Carla explicou à atendente que há uma lei municipal que a permite usar o nome social em documentos. A moça não questionou, mas quando levou o caso ao responsável pelo posto, o senhor José Lima, este disse que sob a sua gerência "isso não iria acontecer".

Ao escutar a negativa, Machado tentou explicar ao supervisor do posto de atendimento que já havia passado por uma cirurgia de adequação genital e que tem um processo judicial em tramitação para a mudança do nome em seus documentos. Sem sucesso. Lima nem a deixou terminar de falar e começou a chamá-la de "senhor".

"Seguinte meu senhor", começou o gerente, "aqui não tem nada disso, seu nome é Alexandre", em seguida avisou que o "seu problema pessoal você pode brigar com quem quiser, com a justiça, mas aqui é do jeito que eu quiser". Não houve acordo e o sujeito começou a gritar e chamá-la pelo nome de registro e dizer que, se ela insistisse iria processá-la por "falsidade ideológica".

Carla ainda tentou explicar a respeito da lei municipal e de seu decreto, mas não houve acordo e as grosserias homofóbicas continuaram. "Que decreto nada, ninguém seria louco de assinar um negócio desses".

"O corpo é de mulher, mas você é homem"

Carla resolveu voltar ao mesmo posto no dia seguinte, terça-feira (09/02), mas desta vez acompanhada de seu amigo Jack e com a reportagem do A Capa. Todos a paisana, como se fossem clientes em busca de informação. O relógio marcava 13h30 e Carla foi avisada de que o gerente estava em horário de almoço. Algum tempo depois chegaram Franco Reinaudo, coordenador da CADS (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual) e Gustavo Menezes, advogado da órgão.

Quinze minutos depois o responsável pelo posto de atendimento, José Lima, chegou. Com o palito de dente no canto da boca e expressando fadiga pós-refeição, o sujeito já olhou para Carla e soltou um "você de novo". Carla novamente começou a explicar e o gerente bufava e disparou "em outro lugar pode ser que façam, aqui não".

Nesse momento Gustavo se identificou enquanto advogado de Carla e começou a explicar a situação ao atendente e que ele poderia ser enquadrado na lei estadual 10.948/01, que pune administrativamente atos homofóbico em São Paulo. O homem fez cara de poucos amigos e não se intimidou.

"Aqui eu vejo outra pessoa, o corpo pode ser de mulher, mas é homem", disse o gerente. Pacientemente Gustavo explicou que Carla é mulher transexual, que havia passado pela cirurgia, falou sobre a lei e mostrou o decreto ao atendente. Não houve acordo. Menezes o informou de havia testemunhas de que ele se negara a dar entrada no Bilhete Único com o nome social e de que ele seria intimado a depor. Assim, todos se retiraram do local.

Por conta do posto de Bilhete único estar sob a gerência do Metrô, Franco Reinaudo não pode intervir enquanto autoridade municipal e fazer com que o processo da retirada do bilhete fosse iniciado. A história não ficaria por ali. O advogado e a reportagem acompanharam Carla até outro posto. O endereço era no Shopping Light, no centro de São Paulo.

Vinte dias
Com o decreto em mãos, chegamos ao posto do Bilhete Único localizado no Viaduto do Chá, dentro do Shopping Light por volta das 15h. O movimento era mais constante do que o endereço anterior. Carla pegou uma senha e aguardou ser chamada. Trinta minutos depois chamaram pelo seu número.

Carla explicou ao jovem atendente o que estava buscando. Muito simpático, o rapaz avisou que iria ligar para a central e se informar a respeito do decreto e de que maneira deveria prosseguir. Cinco minutos mais tarde o jovem retornou e avisou que estava autorizado a fazer o Bilhete Único com o nome social de Carla. Porém, o funcionário avisou que não tinha o formulário necessário. Feliz, Gustavo avisou que o tinha em seu pen drive.

Documentos impressos e assinados. Carla tirou foto para o documento e foi avisada de que em "vinte dias" o Bilhete Único estará pronto. Ao receber tal informação Carla não se conteve e afirmou que de agora em diante não vai mais usar o RG, apenas o Bilhete. À reportagem, o atendente disse que a direção avisou que irão substituir todo o sistema e adequá-lo a nova lei e que há uma demanda grande de travestis e transexuais com questão idêntica a de Carla.

Mesmo vitoriosa Carla decidiu que ia abrir processo contra a administração do Metrô. Às 19h o processo já estava aberto, na Decradi - Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

À reportagem do A Capa Carla disse que está se "sentindo vitoriosa" e que nunca tinha se dado conta de um decreto "fora do papel". Sobre o documento em si, ela revela que em seus "37 anos de vida nunca poderia imaginar que teria um documento com a minha foto dizendo que eu sou Carla, pois a justiça me nega isso há anos".

A trans, no entanto, não esquece a humilhação sofrida. "A cara de nojo daquele homem, representa para mim o mesmo nojo que o Estado sente por pessoas como eu", desabafou. Para ela tal situação é o Estado a humilhando desde que nasceu. "Aquele cara representa o Estado que me humilha".

A história se encerrou na Decradi, quando Carla Machado abriu o processo. Se Carla é a primeira mulher trans da cidade de São Paulo a retirar o Bilhete Único com o nome social, com certeza não será a última a processar o Estado por homofobia e discriminação.



Publicado em: 10/02/2010
Acesso em: http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?codigo=10269