sábado, 4 de abril de 2009

Evento em Florianópolis reuniu grupo para alavancar turismo GLS


A cidade de Florianópolis está despontando como forte destino GLS há alguns verões. Prova disto são filas de gays para embarque no aeroporto de Navegantes.

Em vista deste sucesso, a Santur (responsável em promover o turismo em Santa Catarina) e a Tam Viagens levou à cidade um grupo de 50 jornalistas e agentes de turismo - 70% eram estrangeiros. O objetivo era mostrar as praias e pontos turísticos de Florianópolis. O evento aconteceu entre os dias 26 e 29 de março.


Houve trilhas em praias paradisíacas, almoços e jantares em restaurantes. Conhecemos o Bristrou Isadora Ducan, que fica na Lagoa da Conceição, e o Café de la Musique, em Jurerê Internacional, onde foram apresentadas danças e teatro folclórico da região pelo grupo Boi de Mamão, administrado por dois artistas "orgulhosamente gays". Palavras deles.

O hotel Majestic, que hospedou o grupo, também ofereceu um jantar de boas vindas, animado por uma escola de samba local com direito a bateria, Mestre Salas e Porta Bandeira.


Já na pequena vila de pescadores Santo Antonio de Lisboa, o grupo se deparou com uma beldade ensinando como é a criação de ostras. Os presentes revelaram muito interesse, apesar de boa parte não falar português. Foi, com certeza, um dos momento mais marcantes daquele dia.


No sábado, importantes reuniões se deram para discutir os rumos do turismo GLS. No começo do dia aconteceu a convenção da Associação Brasileira de Turismo GLS, no hotel Softel. Na volta para o hotel Majestic houve a Feira de Turismo GLS. Lá, secretarias de turismos da Bahia, São Paulo, Gramado, Santa Catarina, além da IGLTA (International Gay & Lesbian Travel Association), Zoom Vacations (USA), BueGay(Argentina) e vários outros, estiveram em stands recebendo e informando sobre seus serviços ou localidades.


Ao final, houve um Fórum em que diretores regionais da IGLTA apresentaram questões sobre o mercado LGBT. Também responderam dúvidas dos presentes, que foram para Florianópolis no intuito de fortalecer o mercado gay no Brasil e também aprender com experiências bem-sucedidas, seja na Europa, na América do Sul e nos Estados Unidos.


Por Sergio di Pietro 1/4/2009 - 13:47

Disponível em: 04-04-2009

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Homofobia nas Câmaras Municipais Brasileiras: Carta Aberta à Igreja Inclusiva e aos Parlamentares Brasileiros

Rev. Márcio Retamero
Pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro


O mês de março de 2009 foi nefasto para as conquistas dos direitos LGBT's nas Câmaras Municipais Brasileiras. Os vereadores não perderam a chance de manifestar a homofobia que lhes vai à mente e ao coração. Somente neste mês, tivemos quatro manifestações nas Casas de Leis municipais em nosso país: em Curitiba, Osasco, São Roque e Manaus.

Em Osasco, o vereador Carlos José Gaspar (PT do B/SP), no dia 24 de março, chamou os gays e lésbicas de "doentes". Disse que as pessoas respeitam os gays por dó, porque são doentes, precisam de tratamento! Em São Roque e Manaus leis que criavam o dia da diversidade e um projeto contra a homofobia respectivamente, foram rejeitados. Indispensável dizer que os argumentos desses senhores vereadores recorriam à Bíblia e à religião cristã para afirmarem seus preconceitos contra a comunidade LGBT.

É impressionante que isso aconteça nos dias de hoje. Não que os senhores vereadores não tenham direito às suas opiniões pessoais acerca da diversidade humana, mas fazer isso, das suas opiniões, para impedirem que os LGBT's tenham seus direitos garantidos, votando contrário aos projetos que visam a afirmação da cidadania homossexual, é simplesmente absurdo e inaceitável!

Já faz alguns anos que a militância LGBT brasileira vem chamando atenção para algo que está em nossa Carta Magna: o Estado brasileiro é laico. Isso significa que o Brasil não é um país católico ou protestante. Seus cidadãos têm o direito constitucional de liberdade religiosa, e, por isso, negar direitos aos seus cidadãos, gays ou heterossexuais, baseados em suas opiniões e questões de fé, vai de encontro o que reza a Constituição do Brasil. É não cumprir a Lei Maior do nosso país.

Todos esses políticos eleitos deveriam ser processados por quebra de decoro parlamentar por não respeitar a Constituição do Brasil de 1988. Qualquer cidadão brasileiro que não cumpre os deveres afirmados pela Constituição tem que responder em juízo sobre isso, pois desrespeitam as leis do país. Não podem exercer mandatos os que quebram a Constituição.

Há também nestas manifestações o alerta para o povo brasileiro para as próximas eleições. Os religiosos, cristãos ou não, que fazem de suas confissões de fé, bandeiras políticas, devem receber das urnas um redondo não. Que fique claro: o Estado Brasileiro é laico. Isso não é sinônimo que o Estado Brasileiro é ateu, mas também não é sinônimo que o Estado Brasileiro tenha nas Escrituras Cristãs o paradigma para a aprovação das leis que regerão a Federação. Os cidadãos do Brasil precisam enxergar que é retrocesso enviar para as Casas de Leis e para o Poder Executivo pessoas que usam da religião para vencer nas urnas. A luta por um Estado Laico e pela liberdade de consciência, que teve nos protestantes de outrora seus maiores defensores, não pode ser manchada por esses políticos que usam da religião para votarem. O que eles estão fazendo, na verdade, é trair seus antecessores cristãos protestantes que lutaram muito para que no Brasil fosse lei a laicidade do Estado.

As atuais manifestações homofóbicas dos parlamentares evangélicos também é um sinal para as igrejas inclusivas brasileiras. Isso mostra que a nossa luta por uma igreja que inclui homossexuais na igreja de Cristo, não é meramente militância espiritual por uma cidadania "celestial" dos gays e lésbicas - até porque a salvação, portanto, a cidadania espiritual dos seres humanos, independente de orientação sexual é livre e espontânea decisão e eterno decreto de Deus o Pai, que desde antes da fundação do mundo, elege os seus filhos e filhas. Nossa luta é também política e acontece no mesmo terreno que eles lutam contra nós: o terreno da religião cristã. Eles afirmam com as Escrituras em punho que Deus abomina os homossexuais. Nós, com as Escrituras também em punho, afirmamos exatamente o contrário: a Bíblia não condena a homossexualidade! É uma leitura fundamentalista/literal das Escrituras, portanto, errada, afirmar ou usar a Bíblia na condenação e na não concessão de direitos aos homossexuais.

É importante afirmar que a nossa militância enquanto igreja inclusiva não é somente religiosa, mas também política para que não façamos como os avestruzes, enterrando nossas cabeças no chão, nos escondendo ou pensando que a luta política não faz parte do nosso ministério. Negar o componente político de nossa militância é trair não somente o caráter de nosso ministério, mas também os mártires da nossa religião como descreve o Novo Testamento e a História do Cristianismo.

O livro do Apocalipse é emblemático em seus três primeiros capítulos que constituem a Introdução e as Sete Cartas às igrejas da Ásia ao mostrar que o cristianismo sempre, desde Jesus, esteve na oposição dos poderosos que usurpam o poder político a eles concedido. As Sete Igrejas do Apocalipse estavam sofrendo profunda perseguição política por parte do Império Romano, seus membros sendo executados e encarcerados, porque eles negavam a dar glória ao Imperador de Roma, não lhe prestando culto. Ao fazer isso, declaravam que o único Senhor era Jesus.

A atuação de Paulo e as manifestações do Apóstolo em suas epístolas autênticas também demonstram o caráter político da atuação cristã na sociedade na qual estavam inseridos. Ao afirmar o Apóstolo Paulo que para Cristo, e, portanto, na Igreja, não há judeu ou grego, homem ou mulher, escravo ou livre, mas que todos eram um só corpo em Jesus é explosivamente contrária ao entendimento dos papéis sociais de homens, mulheres, escravos e livres numa sociedade profundamente estratificada como a sociedade do Império Romano.

Sabemos pela História do Cristianismo que muitos mártires, de ambos os sexos, sofreram sob as botas dos opressores. Eles resistiram e entregaram suas vidas, não as tiveram por preciosas, na luta pelo estabelecimento do Reino de Deus. Como disse Justino, também mártir: "o sangue dos mártires é a semente da Igreja". Quanto mais matavam mais o Senhor levantava os seus!

Com a liberdade de culto estabelecida no Império Romano, a roda da história girou e os perseguidos cristãos viraram perseguidores. A Igreja se estabeleceu e na vaga de poder deixada pela destruição do Império de Roma, tomou ela o poder nas mãos e oprime desde então os que livremente rejeitam seus ensinos e valores. Milhares foram queimados na Inquisição. Milhares foram encarcerados nas guerras de religião. Milhares mortos e expropriados na Cruzada Medieval. Em todo tempo, desde a Era dos Descobrimentos Marítimos no século XVI ao imperialismo do século XX e à redemocratização da América Latina, a Igreja, e hoje a Igreja Evangélica, tem se colocado a favor dos poderosos e contra os oprimidos. Isso é negar a nossa história e trair a nossa fé.

Nós, da igreja inclusiva, temos no dia de hoje a oportunidade de não apenas realizarmos uma Nova Reforma na Igreja de Cristo como também de resgatar o passado da Igreja no que diz respeito à atuação positiva na sociedade, lutando exatamente onde nossos predecessores lutaram: a favor dos oprimidos sociais como éramos antes de alcançarmos as casas de poder. Nós da igreja inclusiva temos agora a chance de honrarmos nossos mártires cristãos, empenhando-nos na luta pela cidadania LGBT, os oprimidos ou uma visível parcela dos oprimidos de hoje. Temos que encarnar nosso papel atuante na sociedade como encarnou os cristãos da Ásia Ocidental na época do Imperador Domiciano (cerca da década de 90 do I século) que perseguiu as Sete Igrejas. Nós temos que mostrar ao povo brasileiro que gays e lésbicas também crêem em Jesus e tem nas Escrituras Sagradas do Cristianismo nossa regra de fé e prática. Temos que mostrar à nossa sociedade que nossa militância não apenas religiosa, mas também política no amplo sentido da palavra.

Igreja Inclusiva do Brasil mostra a tua cara! Faça valer sua vocação de Igreja e seu chamado para ser sal da terra e luz do mundo! Inspiração não nos falta. O Rev. Troy Perry e os membros das Igrejas da Comunidade Metropolitana em todo o mundo têm demonstrado em suas atuações genuinamente cristãs na sociedade que nossa luta também acontece no campo político, seja organizando passeatas pelos direitos dos oprimidos LGBT , seja lutando contra o HIV, seja exigindo dos políticos o devido respeito ao gênero humano, seja desafiando o Estado contraindo o matrimônio ainda quando proibido, respaldados na Lei que diz que todos somos iguais (isso fez os metropolitanos de Nova Iorque), enfim, dar valor a nossa cidadania a partir do claro entendimento do Novo Testamento: para a liberdade Cristo nos libertou, sejamos pois livres, e não nos submetamos novamente a jugo de escravidão.

Nossa escravidão ficou pra trás, na Cruz de Jesus. Somos livres e deixar que outros seres humanos nos escravizem novamente é pecar contra o Senhor que em Cristo nos libertou. À luta querida Igreja Inclusiva! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Amém.

Rev. Márcio Retamero
Pastor da Comunidade Betel do Rio de Janeiro

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades da UFSC lança concurso de cartazes sobre homofobia, lesbofobia e transfobia nas escolas.

O Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) do Laboratório de Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina vêm atuando em pesquisas e ações de formação sobre Educação e Sexualidades desde 1991. Neste ano o NIGS está executando novamente a bem sucedida empreitada iniciada em 2007 com nome “Papo Sério”, que prevê oficinas sobre gênero e sexualidades nas escolas públicas do entorno da universidade. Como primeira atividade deste projeto o Núcleo acaba de lançar um edital de concurso de cartazes para escolas públicas sobre os temas que envolvem as violências contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais nas escolas.


O concurso busca problematizar as temáticas das violências contra LGBTTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) com alunos e professores da rede pública de ensino da capital e Grande Florianópolis. Este concurso se insere na data 17 de Maio, instituída por lei no município de Florianópolis como Dia Municipal contra a Homofobia, Lesbofobia e Transfobia.


Desta forma, acreditamos que o envolvimento das escolas da rede pública de Florianópolis e Grande Florianópolis é fundamental no enfrentamento das violências e discriminações cotidianamente reproduzidas contra alunas/os, professoras/es e demais profissionais do corpo técnico pedagógico que sejam lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.


O Dia 17 de Maio foi uma iniciativa do movimento LGBT europeu que buscou resignificar o dia em que a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade do rol de doenças e patologias (17 de Maio de 1990).


As inscrições para o Concurso são gratuitas e os cartazes vencedores levarão para a biblioteca de suas escolas livros e revistas sobre Gênero e Sexualidades atuais e com referencial teórico para a abordagem dos temas das homossexualidades e travestilidades nas escolas.



CLIQUE AQUI PARA TER ACESSO AO EDITAL NA ÍNTEGRA



Maiores informações:


NIGS/UFSC – 48 3721 98 90 (Ramal 25) – nigsnuc@cfh.ufsc.br


Felipe Fernandes – 48 8829 33 59 – complex.lipe@gmail.com

segunda-feira, 30 de março de 2009

I Encontro Regional do Projeto Escola sem Homofobia – Curitiba, Março de 2009

Teve lugar em Curitiba, no período 18 e 19 de março de 2009, o primeiro de uma série de cinco encontros regionais do projeto Escola sem Homofobia. O evento reuniu representantes dos movimentos sociais do LGBT (lésbicas, gays, travestis e transexuais), acadêmicos, pesquisadores, representantes das Secretaria Estaduais e Municipais de Educação, Saúde e Direitos Humanos dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O Projeto Escola sem Homofobia, financiado pelo Ministério da Educação através de recursos aprovados por Emenda Parlamentar da Comissão de Legislação Participativa, é uma ação colaborativa de organizações da sociedade civil (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais - ABGLT, Pathfinder do Brasil, Reprolatina , ECOS e GALE) e conta com a orientação técnica da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação.

Além das discussões regionais, que terão prosseguimento com encontros em São Paulo, Brasília, Salvador e Belém, o Projeto irá desenvolver uma pesquisa sobre a homofobia no ambiente escolar em dez capitais brasileiras, cujos resultados serão divulgados até o final deste ano. Vão fazer parte do estudo escolas de Manaus, Porto Velho, Recife, Natal, Goiânia, Cuiabá, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Outras ações também estão previstas pelo Projeto, como a produção de materiais educacionais abordando o tema da homofobia, sua distribuição para 6.000 escolas do sistema público de educação fundamental e médio e a capacitação de professores na sua correta utilização.

Segundo Danielly Queirós, técnica da SECAD e presente no encontro de Curitiba, o Projeto será um importante instrumento na busca de subsídios para a implementação de políticas públicas. “A discriminação e o preconceito estão dentro e fora das escolas. Não culpamos o professor, pois a homofobia está na sociedade. Temos de dar instrumentos para que ele saiba lidar com essa questão”. A responsável pelo Programa Saúde e Prevenção nas Escolas do Programa Nacional de DST/Aids também esteve presente no encontro de Curitiba e ressaltou a importância que as ações do Projeto Escola sem Homofobia podem ter na redução das vulnerabilidades de jovens lésbicas, gays, travestis e transexuais à infecção pelo HIV e outras DSTs.

O diretor da Pathfinder do Brasil, Carlos Laudari, instituição que gerencia o projeto, ressalta a importância de se dar o primeiro passo no debate da diversidade de gêneros no ambiente escolar. “A homofobia está em todas as áreas, parte do professor, do aluno, da família e é reflexo do estereótipo criado na sociedade. Não vai ser fácil. Mas estamos lançando a semente para que nenhum jovem deixe de ir à escola por conta de sua orientação sexual”.

Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT), Toni Reis, acredita que iniciar o debate sobre a homofobia no ambiente escolar é extremamente necessário, visto que um grande número de adolescentes abandonam as escolas, principalmente os travestis e transexuais, sem dúvida alguma o grupo mais vulnerável às situações de estigma, discriminalção e violência. Professoras transexuais, presentes no encontro de Curitiba, ressaltaram o despreparo dos profissionais da educação para a convivência com a homossexualidade e a falta de discussões sobre o assunto com os estudantes.

O Projeto Escola sem Homofobia, que tem por finalidade implementar ações que promovam ambientes políticos e sociais favoráveis à garantia dos direitos humanos e da respeitabilidade das orientações sexuais e identidade de gênero no âmbito escolar brasileiro, posiciona o Ministério da Educação como um dos líderes do Executivo na execução do Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) e de Promoção da Cidadania de Homossexuais “Brasil sem Homofobia”.