segunda-feira, 4 de maio de 2009

CORRIDA DA HIPOCRISIA: O FETICHE MIDIATICO DO ‘BICHO GAY’


É fascinante como nos últimos séculos o "vício grego" se espalhou pelo mundo. Agora será que ela se espalhou ou sempre existiu e começou a ter evidencia?

Os conservadores que defendem a arcaica antropologia da família patriarcal na visão da diferença homem-mulher atrelam a compreensão freudiana de disfunções sociais e a velha prerrogativa cartesiana de anormalidade na engrenagem do relógio social. E, nessa confusão de entender como tudo funciona aparece um ‘bicho’ denominado homossexual ou para os americanos como gay (alegre).

Nas últimas décadas e, por dizer séculos, a sexualidade humana foi acobertada e Michel Foucault (1984,1985) relembra fortemente esta trajetória em sua obra História da Sexualidade Volume I, II e III (ótima sugestão para leitura!). A sexualidade humana se esconde na finitude do profano e do sagrado e, os gregos há séculos descobrem a necessidade de cultivá-la como prática de si ou cuidado de si. Alimentar a razão se autoconhecendo é um dos caminhos para ser um cidadão, afirmam os gregos antigos (FOUCAULT, 1984). Mas vivenciamos uma corrida por inovações sócio-técnicas e não somente mecânicas, mas no que se refere a informações sociais.

Ativar as células sociais como lembra as teorias sistêmicas é necessário para garantir coesão, mas como se faz isso? Trazendo informações e rompendo as rotinas. Neste sentido, a mídia que busca cada vez mais entrar na corrida da hipocrisia por poder e de audiência, evidencia que os homossexuais, assim como as revoluções tecnológicas, buscam espaço no considerado público, saem do privado e lutam por direitos e, antes que o inevitável ocorra muitas emissoras de televisão ensejam em suas novelas o estereotipo do que é ser homossexual, trazem ‘trejeitos’ e o fenótipo do ser homossexual como se o existisse um ‘bicho gay’ a ser retratado.

No ‘silêncio’ midiático de senas de novela, do riso estimado sobre personagens nasce outro preconceito chamado naturalização do que se julga ‘diferente’. Crianças e adolescente não entendem o que é um homossexual, mas sabem que na novela tem um homem que fala e tem jeito de mulher. Perguntando outrora para o filho de 08 anos de uma amiga que chamava o colega de ‘bichinha’, perguntei-lhe o que é bichinha? Automaticamente ele me respondeu que o amigo parecia o rapaz da novela com jeito ‘esquisito’. É assim que se acaba com o preconceito? Tire você mesmo suas conclusões! Será necessário naturalizar maneiras de existir como se tudo e todos fossem padronizados?

Uma reflexão final far-se-á necessária! Como nasce a representação social de tudo? Será que de grandes feitos ou de simples atitudes? Na corrida da hipocrisia por audiências ou por representações sociais de inclusão não estamos nos assujeitando a mecanismos de coerção sutiis que desdenham uma inclusão para que quando a bandeira homossexual assumir seus direitos sociais haja os que poderão dizer: Nós contribuímos para a esta conquista?



Junior Vitório Romanzini, Mestrando

Universidad Politecnica e Artistica Del Paraguay

Maestria en Ciencias da Educacion

Assistente Social

Professor de sociologia e filosofia da Celer Faculdades

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